Lula diz que greve no setor aéreo é 'irresponsabilidade'
Presidente afirmou que empresários e trabalhadores podem 'flexibilizar'.
Até as 19h, 32,3% dos voos atrasaram e 82 foram cancelados.
"Acho que os empresários podem flexibilizar um pouco, que os empregados podem flexibilizar um pouco. O que não pode é qualquer atitude de irresponsabilidade que leve o povo brasileiro sofrer", disse. Lula afirmou que, na quinta-feira (23), vai se reunir com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para debater o tema.
“Todo mundo sabe que eu passei minha vida inteira brigando pela liberdade de negociação e pelos direitos dos trabalhadores, o que não pode é nem os empresários, nem os trabalhadores terem qualquer atitude de irresponsabilidade. Eu espero e estou convencido que deva haver maturidade entre trabalhadores e empresários para que o povo não seja vítima da insensatez”, afirmou Lula.
Atrasos
Dos 176 voos domésticos programados até as 19h desta quarta-feira, em Cumbica, em Guarulhos, 90 atrasaram meia hora (51,1%) e três foram cancelados (1,7%), segundo boletim da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Em Congonhas, o atraso ocorreu em 58 voos (29,1%), outros 22 foram cancelados (11,1%).
No total, dos 2.093 voos domésticos programados até as 19h em todo o país, 677 (32,3%) atrasaram e 82 foram cancelados (3,9%). Entre os voos internacionais, 44 atrasaram (31,7%) e dois foram cancelados (1,4%).
Entre os aeroportos com maiores índices de atrasos de voos domésticos até as 19h, além de Cumbica, em São Paulo, estão Acre (66,7%), Amapá (57,1%), Belém (55,6%), Natal (47,1%), Bahia (44,4%) e Brasília (40,4%).
Nesta tarde, a presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, afirmou que os passageiros que viajarão nos próximos dias deverão se informar antes de sair de casa. “Os passageiros devem se informar se há um movimento de greve significativo e se os voos estão sendo impedidos”, declarou. Pela manhã, Jobim se reuniu com representantes de empresas aéreas, da Anac e Infraero.
Na terça-feira (21), representantes dos aeronautas e aeroviários, dos patrões e do Ministério Público do Trabalho (MPT) se reuniram para discutir reajuste salarial, mas não fecharam acordo. Os trabalhadores dizem que devem cruzar os braços nesta quinta-feira.
De acordo com os representantes, as empresas oferecem reajuste de 6% e os trabalhadores querem aumento de 13% para aeroviários e de 15% para aeronautas. Segundo o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Marcelo Schmidt, houve esforço do MPT para que houvesse acordo sobre as reivindicações. Além de um reajuste que represente ganho real no salário, a categoria pede a criação de piso salarial para categorias com salários abaixo de R$ 700.
Em nota divulgada após a reunião no MPT, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) declarou que as duas categorias já receberam este ano reajuste salarial de 6,08%, referente à inflação do período medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). “Esse reajuste já está sendo pago às duas categorias, no 13º e no salário de dezembro.” Ainda de acordo com o representante das empresas, a indústria de transporte aéreo concedeu, nos últimos cinco anos, 6% de ganho real (33,8% de reajuste para uma inflação de 26,7%).